Perigos da perda de peso sem acompanhamento adequado
Tornam-se ainda mais graves quando se utilizam planos alimentares desequilibrados. A longo prazo, as perdas de peso descontroladas e o fenómeno ió-ió estão relacionadas com o aparecimento de doenças e o aumento da mortalidade.O objectivo do emagrecimento deverá ser a perda de massa gorda e não a perda de água e músculo, pelo que a redução deve ser lenta e acompanhada de exercício físico.
As pessoas que sofrem de obesidade têm que estar um longo período sob restrição calórica, logo o plano alimentar tem que ser aceitável pelo paciente. Deve ajustar-se aos seus gostos e hábitos e ser o suficientemente flexível para possibilitar a alimentação dentro e fora de casa.
Cada vez mais surgem novas estratégias, por vezes bizarras, de perda de peso. Apesar da fiabilidade de alguns destes programas, a maioria dá ênfase a fórmulas que garantem emagrecimentos imediatos com um esforço mínimo. Frequentemente, estas dietas provocam carências nutricionais graves, se estendidas por períodos de tempo demasiado longos. Os seus efeitos potencialmente negativos acabam muitas vezes por não se verificar, já que muitos destes programas são abandonados algum tempo após o seu início.Estes regimes de emagrecimento incutem expectativas irrealistas, condenando o esforço ao falhanço, o que provoca o subsequente desenvolvimento de culpa, sentimentos de impotência ou outras perturbações mais graves.
Três fases do ganho de peso:
Etapa ideal - quando a ingestão de energia equivale ao gasto, mantendo o peso inalterado.
Fase dinâmica - a ingestão de energia é maior que o gasto, levando ao aumento do peso, num processo que pode durar anos, se a pessoa continuamente tenta perder peso.
Obesidade estática - ocorre quando a ingestão de energia e o seu gasto se igualam, mas num nível mais alto do que antes. Ao tentar perder o excesso de peso, a pessoa depara-se com um problema que antes não havia, que é a diminuição do índice metabólico (isto é, do gasto de energia do corpo), visto que o organismo tenta manter seu novo peso.
Três das formas mais recorrentes de avaliação da gordura corporal na prática clínica
1. A maneira mais simples de saber se tem excesso de peso é avaliar o seu Índice de Massa Corporal (IMC), que se calcula dividindo o peso em quilos pelo quadrado da altura em metros.
A classificação da obesidade, em função do IMC, segundo a Organização Mundial de Saúde é a seguinte:
- menor que 18,5 kg/m2 = baixo peso
- de 18,5 a 24,9 kg/m2 = normal
- de 25,0 a 29,9 kg/m2 = pré obesidade
- de 30,0 a 34,9 kg/m2 = obesidade classe I
- de 35,0 a 39,9 kg/m2 = obesidade classe II
- acima de 40,0 kg/m2 = obesidade classe III
Umas das fragilidades do calculo do IMC é que indivíduos que possuam grande massa muscular podem ser classificados como obesos, quando na realidade não o são. O número dessas pessoas será, no entanto, pequeno. Assim Indivíduos com valores de IMC superiores a 40,0 kg/m2 são chamados de obesos mórbidos (devido à grande morbilidade, isto é, doenças graves relacionadas com este grau de obesidade).
O tratamento médico para a obesidade clinicamente severa (mórbida), inclui combinações diversas de dietas de baixas calorias, modificação comportamental, exercício e agentes farmacológicos. O maior problema deste tipo de abordagem é a sua incapacidade em manter um peso corporal reduzido na maior parte dos doentes obesos, havendo uma alta incidência da ineficácia em suster no tempo uma perda de 10% de peso com este tipo de tratamento.
Pelos riscos de morbimortalidade aumentada e pela incapacidade do tratamento médico em resolver esta grave situação a cirurgia bariátrica é uma opção de tratamento muitas vezes recomendada para doentes com obesidade severa (IMC superior ou igual a 40 Kg/ m2 ou superior a 35 com morbilidade relacionada com a obesidade, que tenham pelo menos 5 anos de evolução da sua obesidade e múltiplos tratamentos médicos devidamente orientados neste período de tempo e que tenham sido ineficazes) pois tem demonstrado ser o meio mais eficaz no manuseamento e profilaxia das complicações da obesidade, sendo o seu propósito primário a diminuição do risco da morbimortalidade, e, só em segundo lugar a diminuição de peso como forma cosmética, não podendo assim, ser vista como cirurgia estética.
Problemas velhos conhecidos
Outro método também muito usado, considera obesa uma pessoa quando esta possui peso 10% a 20% maior do que o peso médio ideal para o sexo e altura.
2. O perímetro de cintura é um indicador de obesidade (homens com valor superior a 94cm e mulheres com valor superior a 80cm).
Tem-se também em consideração o PC como um método útil de avaliação da gordura abdominal. Esta localização associa-se a um risco acrescido em relação à gordura periférica e funciona como um factor de risco independentemente quando o IMC é inferior a 35.
3. A Relação entre Perímetro da Cintura e o Perímetro da Anca é um indicador da distribuição da gordura corporal. Por exemplo, quando a medida da cintura iguala ou excede a medida da anca o risco de doença cardiovascular aumenta significativamente.
Motivos da Obesidade:
- tendência genética (em pais obesos há aproximadamente 50% de possibilidades de os filhos virem a sofrer do mesmo problema)
- comer exageradamente e/ou
- gastar poucas calorias (vida sedentária) e/ou
- ter mais facilidade de produzir gordura quando o balanço calórico é positivo e/ou
- “queimar” gorduras com menor facilidade
Existem outros factores que podem provocar o aumento de peso, tais como: toma de determinados fármacos (anti-depressivos, triciclicos, neurolepticos, corticoides, alguns contraceptivos orais, etc), a interrupção da prática de exercício físico, factores genéticos, factores culturais, etc..
Maçãs ou Peras
Quando o tecido adiposo se acumula predominantemente na região abdominal, há um predomínio da gordura visceral e diz-se que a pessoa apresenta obesidade do tipóide ou tipo "maçã".
Se a tendência é acumular gordura na região dos quadris e coxas, a obesidade é classificada como ginóide ou tipo "pêra".
As pessoas com o perfil em formato de maçã têm mais facilidade de desenvolver outras doenças, como problemas cardiovasculares, pois a gordura visceral, ao contrário da subcutânea, dirige-se directamente para o fígado antes de circular até os músculos, podendo causar resistência à insulina, levando à hiperinsulinémia, que são níveis elevados de insulina, aumentando assim o risco de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Alimentação e hábitos saudáveis
Faça um mínimo de três refeições por dia, sendo uma delas o pequeno-almoço.
Inclua cereais, especialmente cereais integrais (pão de mistura) e produtos lácteos na sua alimentação diária (leite meio gordo, queijo fresco, iogurtes).
Prefira as carnes magras e o peixe.
Utilize pouco sal na comida.
Use gorduras insaturadas (azeite, óleos de milho, girassol ou soja, margarinas líquidas).
Evite os doces, os refrescos (quase sempre contêm muito açúcar), as comidas muito calóricas e a comida rápida.
Evite fritar ou utilizar molhos. Utilize a cozedura, os grelhados e os assados.
Evite as bebidas alcoólicas. Não beba mais do que dois copos de vinho ou de cerveja, se é homem, metade, se é mulher. O álcool aporta muitas calorias «vazias» (sem nenhum valor nutritivo), que são utilizadas pelo organismo imediatamente.
Beba seis a oito copos de água por dia.
Pratique exercício físico. O balanço energético é mantido através da promoção do desporto e da actividade física diária, adequados à idade, sexo e estado de saúde.
Ou seja, a redução calórica não deve exceder os 500 a 1000 Kcal /dia e as quilocalorias totais diárias não devem ser menores que 800. Kcal equivale a quantidade de energia fornecida pelos alimentos sob forma de Hidratos de Carbono (açúcar, pão, massa, leguminosas, fruta), gordura (produtos de origem animal, azeite, canola e óleo de milho) e proteína (carne, peixe, ovos, lacticínios e em alguns vegetais e cereais) principalmente.É importante dividir as refeições e ir comendo várias vezes ao longo do dia.
A chamada dieta mediterrânica e os seus benefícios estão a cair em desuso. É, no entanto, bem mais saudável, pela utilização do pão, do azeite, do peixe, da fruta e dos legumes.Há outra falha grave, que é a ausência de um bom pequeno-almoço, completo e diversificado.
Directrizes recentes enfatizam a perda de peso moderada como sendo um objectivo adequado e realista para o controlo do excesso de peso e não o atingir de um suposto peso ideal, muitas vezes impossível de conseguir.As formas de tratamento normalmente mais utilizadas são duas: um plano alimentar com restrição calórica, combinado com uma actividade física adequada, ou o plano alimentar com restrição calórica e a actividade física, combinadas com terapêutica com medicamentos.
A atitude de mudança tem que vir de dentro de si. A força de vontade é a melhor aliada para a alteração dos hábitos alimentares e a prática de actividade física. Sentir-se bem consigo própria é uma prioridade.
Problemas de Saúde derivados da Obesidade
- no Aparelho Cardiovascular
- através de Complicações Metabólicas
- no Sistema Pulmonar
- no Aparelho Genitourinário e Reprodutor
- no Aparelho Gastrointestinal
Outras Alterações Médicas
- Artrite degenerativa
- Insuficiência venosa crónica
- Hérnias
- Propensão aos acidentes
Alterações Socio-económicas e Psicosociais
- Discriminação educativa, laboral e social
- Isolamento Social
- Depressão e perda de auto-estima
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