domingo, 20 de julho de 2008

«Um Olhar sobre o Cancro da Mama» - pelo Professor Dr. José Alberto Moutinho

Sessão de esclarecimento
«Um Olhar sobre o Cancro da Mama»
16 de Julho de 2008

O médico especialista em oncologia ginecológica foi apresentado ao público interessado (mais de 30 pessoas)

O nosso mais profundo agradecimento ao Senhor António Franco - presidente do CCD «Oriental de São Martinho», por ter cedido as instalações do salão nobre da colectividade para a realização desta iniciativa.

O Professor Dr. José Alberto Moutinho fez toda a sua carreira de médico na área da Ginecologia Oncológica. Para além de ter já trabalhado no Instituto Português de Oncologia (IPO), nos Hospitais Universitários de Coimbra (HUC) e noutras instituições onde existe esta especialidade, dedicou também grande parte da sua carreira científica à oncologia.
O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) é agora o seu local de trabalho três dias por semana, um projecto novo que para além de suprir uma carência ao nível do tratamento de pessoas com este tipo de doenças, presta também apoio a diversos projectos que decorrem no Centro de Investigação de Ciências Médicas (CICS) da Faculdade de Ciências da Saúde.
APRESENTAÇÃO DO TEMA O cancro da mama é uma das principais causas de morte da mulher, sobretudo entre os 45 e os 55 anos de idade. Verifica-se ainda que a incidência do cancro da mama aumenta todos os anos devido a diversos factores (envelhecimento da população; maus "hábitos"; medicação hormonal; e, por fim, tóxicos ambientais).
No entanto, nem tudo são más notícias. A mortalidade por cancro da mama diminui todos os anos. Isto por que, existe uma maior sensibilização das mulheres para o diagnóstico precoce, realizam-se programas de rastreio com maior regularidade e eficácia, e, verificou-se uma melhoria nos métodos terapêuticos.
Existem duas variedades de cancro da mama: o familiar/genético (surge sobretudo na pré-menopausa); e o ambiental (surge na pós-menopausa).
Os principais factores de risco para o cancro da mama são pertencer ao sexo feminino e a idade. Nos factores secundários encontram-se: o antecedente pessoal; a hereditariedade; menstruação precoce (abaixo dos 12 anos); menopausa precoce (antes dos 50 anos); ausência de filhos; idade da primeira gravidez a termo (acima dos 30 anos); antecedente de cirurgia à mama; antecedente de exposição a radiações ionizantes; dieta rica em gorduras; obesidade; sedentarismo; tratamento com estrogénios; e outros, como os hábitos alcoólicos e o tabagismo.
É preciso ainda tomar atenção a determinados sinais que apontam para cancro:
  • NÓDULO MAL DEFINIDO
  • REPUXAMENTO DA PELE
  • PELE TIPO CASCA DE LARANJA

  • INVERSÃO DO MAMILO (existem duas formas, uma benigna e outra maligna)

  • SANGUE PELO MAMILO

  • "EROSÃO" DO MAMILO

Como tal, se a longevidade é cada vez maior - tanto nos homens como nas mulheres - a incidência desta doença é maior.

Dentro dos métodos de diagnóstico do cancro da mama encontram-se vários tipos, mas deve sempre começar pela palpação do peito.

No que toca a Exames Médicos existem:

(dentro da Imagiologia)

MAMOGRAFIA
A mamografia em intervalos regulares (1 a 2 anos a partir dos 40 anos) reduz a hipótese de cancro em pelo menos 25%.
Vantagens: redução da mortalidade na pós-menopausa; controlo de qualidade na mamografia; método mais económico e abrangente que sensibiliza a comunidade.
Desvantagens: falsos positivos (20 a 40%); falsos negativos (cerca de 10%); biopsias desnecessárias; ansiedade; cancerofobia.
ECOGRAFIA MAMÁRIA
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (só detecta cancros)

ESTUDO CITOLÓGICO (retirar células com agulha para análise)
MICROBIÓPSIA (também retira tecido para análise)
BIÓPSIA DIRIGIDA
ESTUDO HISTOLÓGICO
As principais queixas em mulheres com cancro da mama são: sensação de tumor (nomeadamente, na palpação após o banho); líquido sanguíneo pelo mamilo; alteração no volume da mama; mamografia sugestiva de cancro; e, dor (este apenas em último grau). Mas, atenção, nem sempre são sinais de alarme, já que 30% das mulheres com tumor não têm cancro.
O estadiamento do cancro da mama (localizado ou não) divide-se em três fases e tem diferentes tipos de tratamento:
1. Inicial (Cirurgia conservadora + Radioterapia; Mastectomia); 2. Localmente avançado (Mastectomia; Quimioterapia + Cirurgia; Quimio + Radioterapia + Cirurgia; 3. Disseminado - com metástases nos ossos, fígado, ovários, pulmões, e outros orgãos do corpo humano- (Individualizado).
QUIMIOTERAPIA
RADIOTERAPIA
MASTECTOMIA

CIRURGIA CONSERVADORA

Tratamento adjuvante (complementar): - Risco de Recidiva Local - Radioterapia (normalmente apanha o coração e os pulmões) - Risco de Disseminação à Distância - Quimioterapia (feita, como o próprio nome indica, através de medicamentos) - Hormono-dependente - Hormonoterapia

Na opinião do Professor Doutor Moutinho, é verdade que o cancro é desfigurante, contudo, tem bom prognóstico. Aliás, quanto mais velha é a mulher, sublinha, menos probabilidades tem de morrer de cancro da mama.

O que deve ser feito para diminuir a incidência e a mortalidade por cancro da mama? RASTREIO ORGANIZADO

Medidas preventivas
- AUTO-EXAME DA MAMA - deve ser feito mensalmente a partir dos 20 anos de idade;
- Alteração comportamental: exercício físico; emagrecimento; dieta pobre em gorduras animais; preferência pelo azeite; ingestão de fibras, vegetais e frutas. Quanto maior a ingestão de gorduras animais, maior a probabilidade de contrair cancro.
- Quimioprevenção
- Estudos não controlados: estatinas; AINE; Isoflavonas de soja; óleo de Onagra; "chá verde", etc. - Estudos controlados e aleatórios: Tamoxifeno (pode originar trombose, toxicidade cardíaca, etc, porque a mortalidade na pós-menopausa é muito menor do que na pré-menopausa); Raloxifeno; Inibidores de Aromatase. Imagens de cancro da mama em estágio avançado e manifesto:
AS DÚVIDAS RESPONDIDAS PELO ESPECIALISTA

Lurdes Pedro
P: O que é que sucede quando o resultado é negativo?
R: Desde que se forma a primeira célula, demora cerca de 20 a 25 anos a manifestar-se. Mas também há cancros que se manifestam logo.
P: O que sucede se realizar uma estrectomia?
R: Se tirar os ovários tem menos probabilidade de contrair a doença, por causa dos estrogéneos.
M.ª Purificação Silva Marques
P: Fiz uma estrectomia (útero e ovários) e houve um quisto que rebentou no ovário esquerdo e foi para os intestinos, mas como não apanhou infecção o médico disse que não havia risco...
R: As mulheres que ficaram com ovários morreram mais tarde. Não retirar o útero e os ovários reduz o risco de mortalidade.

Maria de Jesus da Conceição
P: Fiz uma mamografia há muito tempo e revelou que o peito esquerdo tem caroços...
R: Se o nódulo está estável na mamografia, então não é maligno. É má prática retirar sempre.

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